Chegamos então ao fim de mais uma
batalha. Desde 2006, passados 4 mandatos e no limite do permitido, os Estatutos
do Partido Socialista impõem agora a escolha de um novo Presidente de Concelhia
e de uma nova equipa.
Cientes do dever cumprido, alguns
foram os objetivos que nos propusemos alcançar desde a primeira hora, de que
ressalvo a necessidade obrigatória de união de um partido, cujo passado recente
em Nisa tudo previa não convencer os eleitores a vitórias locais futuras.
Colocando o concelho de Nisa
desde logo em primeiro lugar, trabalhamos com os militantes do PS de
Nisa, que duplicamos. Tentamos homenagear os melhores, o que algumas vezes só
já foi conseguido a título póstumo (perdemos grandes militantes do PS e
inclusivamente o 1.º Presidente da Câmara Municipal de Nisa após o 25 de Abril,
eleito pelo PS, António Bento). Abrimo-nos ao mundo. Passado pouco tempo do
início do 1.º mandato estávamos a realizar o I Encontro de Socialistas do
concelho de Nisa no Arneiro, com todo o apoio dado por um Socialista único, e que
fez o favor de se vir a tornar um grande amigo, Francisco Boleto.
Mas também compartilhamos a
organização de eventos com outras concelhias, salientando a de Castelo de Vide,
sob a figura da minha querida amiga Cecília Oliveira. Tivemos também connosco
responsáveis de outras concelhias vizinhas, mas com ligação ao concelho de
Nisa, de que destaco o atual Presidente da Concelhia de Gavião, Francisco
Louro.
Recordo dos “nuestros hermanos”
de Cedillo, Herrera e Santiago de Alcantara ficarem surpreendidos pelo facto de
existir um Partido Socialista no concelho de Nisa … Fizemos dois Encontros
Transfronteiriços únicos, o último deles de âmbito regional e que chamou a
comunicação social de ambos os lados da fronteira, dando um maior ênfase a uma
das nossas bandeiras desde a primeira hora, e que foi a construção da ponte de
ligação entre Montalvão e Cedillo. Mérito aos nossos camaradas do PSOE da
Província de Caceres, que conseguiram a conquista junto da União Europeia do
que os frustrados do PP regional vieram depois a destruir. PS e PSOE juntos
vieram a fomentar o incremento das relações entre os dois lados da fronteira,
sendo de todo justo relevar os nomes do Miguel Angel (atual Secretário-geral
do PSOE da Província de Cáceres, mas representante desde a primeira hora do
PSOE de Cedillo), Antonio Riscado (Alcaide de Cedillo) e Rodrigo Nacarino
(Alcaide de Herrera de Alcantara), que fizeram questão de se tornarem nossos
amigos, mas também o contributo do nosso ex-Presidente de Concelhia, Joaquim
Costa, e do anterior Presidente da Junta de Freguesia de Montalvão, António
Belo. Desnecessário seria salientar que
a conquista desta relação transfronteiriça não mereceu uma única nota nesta
última campanha para as autárquicas …
Iniciamos a realização de eventos
anuais, pela altura das comemorações do 25 de Abril ou do Natal, para que os
melhores sentimentos e reflexões do socialismo democrático pudessem ser
partilhados por todos. Ressalvo a presença do camarada e Deputado João Soares
no último Jantar de Natal organizado, mas noutras ocasiões também dos Deputados
Ramos Preto, Ceia da Silva ou Miranda Calha.
Estivemos presentes com a maior
dignidade em todos os eventos políticos realizados no concelho, por onde deslocalizamos
Comissões Políticas, assim como no distrito, através das Comissões Políticas
Distritais, Fóruns ou Plenários de Militantes, mas cujo marco principal foi sem
dúvida a realização em Nisa do XIII Congresso Distrital de Portalegre do
Partido Socialista. Também participamos com os nosso Delegados em todos os
Congressos Nacionais do PS, regozijamo-nos ainda mais pela presença em
Comissões Nacionais do partido, e estivemos presentes com os nossos eleitos
locais nos Congressos e Encontros Nacionais da ANAFRE, na altura da discussão
de uma matéria tão delicada como a da extinção das nossas freguesias. Tomamos
ainda posição sobre tudo o que consideramos relevante e que mereceria uma
tomada de posição da Concelhia de Nisa do PS, através de comunicados ou artigos
de opinião, também através dos nossos eleitos locais, com propostas (de que
saliento a concretização de transformarmos a Tauromaquia como património
cultural e imaterial de interesse municipal), requerimentos, petições, declarações
de voto e até moções de censura, e participamos em todas as campanhas
eleitorais para os vários órgãos de soberania.
A concelhia de Nisa fez também
parte dos grupos de trabalho, organizados através do LIPP – Laboratório de
Ideias e Propostas para Portugal, na sede do Largo do Rato, para preparar um
futuro Programa de Governo socialista.
Como expoente máximo, tivemos a
presença do Secretário-geral do PS em Nisa, António José Seguro, já durante
este último mandato, e estivemos também sempre com José Sócrates.
A união foi conseguida e a única
vez que tal foi colocado em causa, a Comissão Política Concelhia soube
responder veementemente. Nunca estiveram em causa as pessoas em si, mas sim o
seu comportamento político. Sei do que falo, porque também sei a estima pessoal
que lhes tenho e sempre tive. Falamos assim a uma só voz durante todo este
período.
Sabemos, pelas responsabilidades
que temos e também pelo conhecimento de outros concelhos do país, que nem
sempre se torna fácil a vivência entre as estruturas políticas organizadas,
como são as Concelhias, e aqueles que vêm a ser os candidatos às eleições
autárquicas, escolhidos por essa mesma Comissão Política. Muitos trazem sonhos
e objetivos muito próprios, o que dificulta uma perfeita interação. Mas a
arrogância, a prepotência e a ingratidão foi garantidamente inferior há 4 anos
atrás. Nessa altura ganhamos a Assembleia Municipal, a maioria das Juntas de
Freguesia e perdemos a Câmara Municipal. Desta feita, voltamos a ganhar a
Assembleia Municipal (onde mais uma vez recebemos o maior número de votos,
tendo em conta os 3 órgãos), perdemos a quase totalidade das Juntas de
Freguesia e ganhamos a Câmara … Para quem fala de responsabilidades … a
refletir!
Enfim, fomentamos sorrisos e
alegrias, nomeadamente a conquista do nosso objetivo principal, a Câmara
Municipal de Nisa, mas convenhamos terão surgido algumas situações que terão
corrido menos bem.
Percebeu-se que incomodamos
alguns cidadãos em especial, nomeadamente alguns pseudo analistas que se dizem
políticos, mas que não têm a mínima formação para tal, mesmo para fazer análise
a uma qualquer página da revista Maria. Mais não são do que invejosos, que usam
a inconveniência para conseguirem ter visibilidade e colmatar as suas
frustrações. Pior ainda se nos referimos a gente que passa por quase todos os
partidos visíveis no concelho e ainda assim acham que têm legitimidade para
fazer críticas a quem tenta desenvolver um trabalho sério.
Considero estranho a não
apresentação de listas para a Comissão Política Concelhia, numa altura de possível
conjuntura local favorável, o que, em meu entender, deveria ter ocorrido por
quem quis afastar a Comissão Política Concelhia de decisões que só a ela diriam
respeito, ou então por aqueles que sempre contestaram essa postura, mas
preferiram não causar burburinhos para não colocar a conquista da Câmara
Municipal em causa. Não será saudável a existência de militantes em Nisa por
conveniência, muito menos que sujeitem outros vulneráveis a objetivos e
critérios particulares. Queremos o continuar do amor à camisola, sem o primado
da contrapartida.
Quanto à legitimidade para poder
falar sobre Nisa, tratar sobre Nisa, analisar à luz de Nisa, não quereria, a
título pessoal, deixar de esclarecer os mais incomodados que nasci há 40 anos
atrás no Hospital da Misericórdia de Nisa, tendo começado por residir na Praça
da República. Frequentei o Jardim Escola da Misericórdia e mais tarde entrei
para a Escola Primária situada na mesma praça, também apelidada de Rossio, onde
os meus avós eram proprietários do Café Dom Dinis. Partilhei as minhas
brincadeiras de infância entre os plátanos da Alameda e o “jardim” do Hospital,
ambos os locais com “balizas” extraordinárias. Passados 4 anos passaria para a
Escola Preparatória, após os excelentes ensinamentos da minha Professora
Celeste.
A partir da próxima sexta-feira,
passarei a ser um Presidente de Concelhia cessante, mantendo as funções de
Deputado Municipal, até que seja encontrada solução para dar seguimento ao
trabalho até aqui realizado. Um estilo de presidência diferente, principalmente
para aqueles que têm grande dificuldade em perceber que presidências e
responsabilidades não são só as das direções das coletividades …
Quero agradecer a todos os que
confiaram em mim, nomeadamente a todos os militantes do PS em Nisa que fizeram
questão de me acompanhar, antigos e novos, fosse qual fosse o modo de o
fazerem, ressalvando aqui os meus caros Emílio Moura, Gilberto Manteiga e
Adelino Temudo (com estas últimas duas referências, na chamada política ativa,
em várias frentes, desde 1997, relembrando aqui a Juventude Socialista de Nisa),
bem como aos representantes regionais e nacionais, de que destaco os
presidentes de Federação Jorge Martins (e toda a equipa que acompanhou o
projeto que me tornou membro da Mesa da Comissão Política Distrital, liderada pelo
camarada Albano Silva) e Luís Testa, o Deputado Pedro Marques (um representante
improvável e grande defensor do distrito, que é garantidamente um político
extraordinário, também no âmbito visivelmente nacional) e o sempre disponível para
grandes decisões Comendador Rui Nabeiro, para além de pessoas, inclusivamente de
outros partidos e independentes, que sempre souberam reconhecer o meu trabalho.
Nota especial ao meu pai, Jorge Oliveira, que já não assistiu à minha primeira
tomada de posse mas que esteve garantidamente ao meu lado em todos os momentos,
à minha querida filha, Maria Inês, já quase uma verdadeira política após tanta
reunião em que acompanhou o pai, bem como à minha mãe Maria da Luz e aos meus
irmãos Margarida, Gustavo, Catarina e sobrinho Tiago, mas também aos meus amigos
de coração Jaime Estorninho, Amadeu Pires e Joaquim Figueiredo (tristemente a
título póstumo), que me acompanharam durante este período, souberam sempre
ouvir, mas também souberam ser enormes conselheiros.
Com o PS agora no poder no
concelho de Nisa, desejo, e penso que desejamos todos, um concelho mais bonito,
bem aproveitado e dinâmico, com menos pedra e se possível mais verde.
Aproveito para desejar um Natal
feliz para todos e um ótimo 2014!
Saudações Socialistas,
O Presidente da
Comissão Política Concelhia de Nisa do PS,
Marco
António Oliveira
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