sexta-feira

Artigo de opinião: "Memorial de um Povo"


O país vive nesta altura uma situação complicada. Por toda a Europa, e não só, muitos dos governos se desdobram em justificações, na tentativa do esclarecimento do que esta grave crise económica internacional nos trouxe. Mas é também uma altura em que muitos se perfilam no terreno, propícios a destruir tudo o que vai sendo feito para inverter esta situação, atrás de interesses meramente particulares ou com o intuito de destruir por destruir. E a Assembleia da República tem-nos dado, sem dúvida, vários exemplos daqueles que, habitualmente e de forma egoísta e irresponsável, estão habilitados para tal.

Há quem tente apagar da memória dos portugueses, por exemplo, e entre outros factores, o facto do Partido Socialista ter ganho as eleições legislativas, há pouco mais de 4 anos, com maioria absoluta, tendo feito decrescer de imediato um défice superior a 6%, que vinha do passado, para um valor abaixo dos 3%, exigido pela União Europeia, ou que o Primeiro-ministro indigitado na altura, José Sócrates, tenha formado Governo com um grande número de elementos independentes, que foram escolhidos unicamente pela sua competência, mais do que estar a servir interesses do próprio aparelho do partido. Queria servir adequadamente o país. Há também quem, nos últimos meses, tente fazer de tudo para que se apague rapidamente da memória que o Partido Socialista ganhou as eleições legislativas, novamente há praticamente 8 meses, também eleito democraticamente e pela escolha dos portugueses.

E a comunicação social, de âmbito nacional (nem falamos de outros), tem sido um ícone no apoio sarcástico a esta tendência. Para alguns “idiotas” (homens cheios de ideias), os socialistas passaram a ser um alvo a abater, independentemente de desempenharem funções políticas, executivas, legislativas, autárquicas, ou de serem meros seguidores, apoiantes, militantes, agarrados a uma convicção ideológica, ou simplesmente por simpatia. Pese embora o conhecimento mais do que claro do que deitou por terra todo um esforço que o Governo do Partido Socialista fez para melhorar as condições de vida dos portugueses, o que é importante, para estes, é destruir. Claro está que nem todas as medidas, decisões, soluções, reformas serão as melhores aos olhos de todos, mas garantidamente que os que para nós são bestiais a dada altura, não podem passar a bestas só por causa da análise política comentada de alguns.

Como exemplo da atitude da comunicação social, dá a sensação que a contínua “apologia da desgraça” feita pela TVI, é ainda pior do que a que era feita no tempo da Manuela Moura Guedes, o que dá a sensação que afinal ela não era nenhum problema, como alguns queriam fazer crer.

Numa altura em que se deveriam procurar termos como solidariedade, abertura, entreajuda, consenso, serviço público, iniciativa privada, ou tudo o que possa trazer um contributo construtivo à realidade que actualmente atravessamos, procuram-se antes todos os meios para embevecer uma população, predominantemente agarrada à TV, para que seja corrompida na sua forma de raciocinar e se voltar contra o poder instituído.

Os portugueses sabem ser unidos, senão não aviavam a Coreia do Norte com 7 sem resposta. Mas também sabem ser sensatos, para perceberem a dimensão que tem um prémio nobel português, que deve ser respeitado (pois também não tem culpa de alguns “comediantes” que se quiseram aproveitar do seu falecimento), independentemente da forma arisca como tratou alguns dos nossos decisores. E quem tem responsabilidade política, como um chefe de Estado, deve saber que as suas convicções pessoais estão abaixo da postura de Estado, senão queremos um Presidente da República escritor, ou mesmo poeta. E queremos.

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