Moção Sectorial PS - Nisa: "A Força do Turismo"
- Uma estratégia de desenvolvimento regional
A Moção Politica sectorial que aqui se apresenta é resultante de uma grande reflexão, por parte de um conjunto de militantes do PS/Nisa, com a finalidade de debater, em Congresso, as ideias nela contida. Para que de uma forma democrática seja devidamente posta em prática, e que passe a figurar como um documento de referência, nas estruturas locais e regionais do Partido Socialista da Federação de Portalegre.
No quadro atual em que vivemos, no auge de uma crise, com contornes nunca antes conhecidos, provavelmente uma das mais graves, nos últimos cem anos. O nosso distrito não é alheio a este conjunto de problemas daí resultantes, a que se associam alguns do foro interno e que se têm vindo a prolongar e a agravar ao longo do tempo.
Antes de mais, importa contrariar e compensar a ausência de visão política e de estratégia evidenciadas pela falta de ação política de vários governos, para com a população deste distrito, seja na economia, na educação, no emprego ou na Saúde, como os principais indicadores estatísticos demonstram, sendo de uma agudeza avassaladora para a região.
Mas, mais do que isso, é preciso reforçar a qualificação dos nossos recursos humanos e a capacidade de atração de pessoas, empresas e centros de decisão para o distrito. Nunca como agora tivemos necessidade de nos afirmar como um povo detentor de uma cultura milenar, com desejos de construir um futuro melhor, para a nossa comunidade.
E, assim, desta forma, centramos a base do projeto de desenvolvimento para o distrito de Portalegre, numa forte aposta naquilo que sabemos fazer melhor, mas, inovando sobretudo naquilo que nos confere singularidade ao nosso modelo produtivo. Temos que ser capazes de fazer da nossa base produtiva tradicional e das atividades emergentes, alavancas para a recuperação do dinamismo económico e, desse dinamismo construir a base necessária para uma maior coesão social e territorial. Daí a aposta nos nossos recursos naturais, aqueles que não podem ser deslocalizados, e que fazem parte da nossa gente e do nosso território, como a sua cultura e a sua sapiência popular. Devemos saber tirar partido deste conjunto de fatores positivos, aproveitando esta janela de oportunidade existente, com o clima de “boom” turístico que as principais cidades do país têm vindo a beneficiar nestes últimos anos, para dinamizar a economia regional, fortalecendo a aposta no sector do turismo, alicerçada estrategicamente em três eixos fundamentais, a saber:
1. Valorização do património material e imaterial
O desenvolvimento do turismo no Norte Alentejano implica o reforço da sua atratividade para mercados e segmentos de procura específicos e de maior potencial, o que deverá ser feito em parceria com a entidade responsável pelo Turismo do Alentejo e com outras entidades especialistas na matéria, de forma a tornar indispensável a valorização dos fatores de competitividade de maior relevância. De entre estes destacam-se, pelo seu elevado interesse estratégico, nomeadamente locais como: a Coudelaria de Alter, as Termas (de Cabeço de Vide, Castelo de Vide, de Nisa ou de Monte da Pedra), o Parque Natural da Serra de S. Mamede, o castelo de Marvão, da Amieira do Tejo, ou as fortificações de Elvas, bem como outros monumentos de referência, espalhados um pouco por toda a região, que devem estar incluídos em rotas turísticas criadas para o efeito, acompanhadas de eventos dinamizadores de forte componente cultural.
Aliando a morfologia do território do Alto Alentejo às condições atmosféricas ímpares e propícias para o desenvolvimento de atividades ao ar livre, nomeadamente na vertente do turismo de natureza e desportiva, como é o caso dos passeios pedestres e equestres, das provas de BTT, da Baja 500, dos campeonatos de orientação, do Festival de Balonismo, dos desportos náuticos (Montargil, Maranhão, Póvoa, Fratel, Caia, Belver), e um maior aproveitamento da paisagem e das águas do Rio Tejo.
O artesanato, a Gastronomia e os vinhos, casam-se nesta região com a hospitalidade do seu povo, que sabe receber dignamente quem a visita, por isso estes produtos devem ser alvo de uma constante promoção e valorização, estabelecendo-se parcerias com a hotelaria, fazendo desenvolver esses mesmo produtos, deste a produção à comercialização.
No Turismo Cultural & religioso devemos destacar as festas e romarias presentes um pouco por toda a região (por exemplo: a pascoa de Castelo de Vide e a chocalhada). De realçar também a questão da tradição oral, muito rica nesta zona do país e que deve ser preservada através da celebração de acordos institucionais entre os vários organismos estatais e os polos universitários, com a elaboração de estudos, conferencias e palestras. Acrescentamos também neste plano cultural os vários museus existentes no distrito, que deve ser alvo de um plano de promoção, mais forte, principalmente com visitas guiadas de grupos – principalmente escolas (com guias), alargando-se as mesmas ao valiosíssimo património religioso existente (igrejas e capelas).
A importância da arqueologia no nosso território com a valorização de vários campos e monumentos pré-históricos como o menir da meada, Ammaia, as antas ou as pinturas rupestres do Tejo.
Estes são alguns dos produtos turísticos estratégicos que podem e devem ser desenvolvidos nesta componente da valorização do património material e imaterial, ao qual devemos acrescentar as grandes manifestações culturais que atraem um significativo número de visitantes, como são exemplo, as festas do povo, em Campo Maior , o festival do Crato, festival andanças na Povoa e Meadas ou a festa da castanha em Marvão.
2. Estruturas de apoio, formação e requalificação profissional
3. Marketing, merchandising e divulgação de grandes eventos
Nisa, 31 de Agosto de 2014.
Classificada pela OCDE como uma “zona rural recuada”, classificação, essa, que é atribuída a zonas de baixa densidade populacional e altos índices de envelhecimento, com população ativa com pouca formação e qualificação, vindo esses fatores reforçar a tendência para tornar rara a predisposição para a inovação e o investimento.
Contrariar esta classificação, a que chamaria de “rótulo”, como todos bem sabemos é uma tarefa difícil, mas não impossível de alcançar.
Na questão que se prende com a formação e requalificação do capital humano disponível, temos atualmente já uma âncora chamada Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre, a qual deve reforçar o seu já fundamental papel em todo este processo de desenvolvimento regional. Deverá a mesma manter um contacto permanente com os vários agentes económicos, bem como com as outras instituições de ensino (secundário), como via para canalizar potenciais formandos, e o Instituto de Emprego e Formação Profissional – com ativos e desempregados de longa duração, na via da requalificação profissional.
Quanto às estruturas de apoio, nomeadamente ao que concerne à capacidade hoteleira disponível, deverá ser encarada como alvo de um programa de apoio e incentivos a criação de novas unidades (pelo menos 1 em cada sede de concelho que tenha capacidade mínima de 50 camas), e fomentar o aparecimento de unidades de “Low Cost “– dirigidas a um público mais jovem (turista de mochila) aproveitando a desativação de algumas escolas primárias, reconverte-las em Hostels, a serem exploradas por agentes privados, em regime de concessão.
3. Marketing, merchandising e divulgação de grandes eventos
Cada vez é mais usual recorremos à utilização de todas as ferramentas existentes, para a divulgação e promoção dos eventos realizados ao longo do ano, nomeadamente o uso intensivo das redes socias (Facebook, twitter, blog, site, etc) ou através de cartazes, folhetos, flyer’s, etc. Daí a importância crescente para as técnicas de markting e merchandisig, as quais bem aplicadas, poderão trazer um retorno maior que o seu investimento inicial.
Saber vender bem um determinado produto é meio caminho para o sucesso, alem de constituir uma arte, mas, os produtos não são todos iguais, por isso, deve-se ter em atenção a escolhas dos profissionais que podem e devem realizar essa tarefa, já que estamos a falar da promoção de eventos com características únicas no panorama turístico nacional, associada com a cultura local propriamente dita.
A criação de uma marca única (cartão de turista frequente, com direito a pontos e conversão em estadias) para o turismo do Alto Alentejo, que seja identificado em produtos certificados ou no uso de serviços de hotelaria, dando uma garantia adicional de prestígio ao produto ou serviço que está a ser prestado.
Atrair para a região eventos, que pela sua dimensão e reconhecimento possam dinamizar as economias locais, e também, criando certames regionais diferenciados, tendo como base o artesanato e a cultura do povo do distrito de Portalegre.
No merchandising, saber usar o artesanato como veículo prioritário nas várias ações promocionais, de forma dinâmica, os quais podem aumentar as vendas de determinados produtos (em têxtil ou barro).
Participação regular, através de stands, em feiras e eventos de promoção turística, com o objetivo principal de dar a conhecer a região e atrair mais pessoas ao nosso Alentejo, de forma a dinamizar a economia em todas as vertentes.
Somos detentores de um vastíssimo património, o qual não podemos simplesmente desvalorizar, teremos que usa-lo em favor da comunidade, de forma inteligente, porque é, aqui, que reside a riqueza desta região, no saber suas gentes e no seu património secular.
E, porque, no Partido Socialista, temos um percurso, uma identidade e uma história de governação do país, mas também um percurso, uma identidade e uma história na gestão autárquica e, com marcas impressivas no Distrito de Portalegre, neste momento, impõe-se que a federação do PS/Portalegre mobilize a sua energia transformadora, contribuindo para que, no distrito, se reforce a ambição, a esperança e a confiança, necessárias à construção de um futuro melhor.
Nisa, 31 de Agosto de 2014.
JOSE LEANDRO LOPES SEMEDO – 1º Subscritor da Moção
Militante n.º 57428 do PS, na Concelhia de Nisa
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