ENCONTRO TRANSFRONTEIRIÇO
Elvas reúne municípios e associações empresariais
Alentejo e Estremadura espanhola defendem o investimento público
A Câmara Municipal de Elvas organizou uma reunião transfronteiriça com autarcas e entidades ligadas ao meio empresarial, para debate da questão dos investimentos públicos.
Estiveram presentes os 18 municípios portugueses e espanhóis seguintes: Alandroal, Arronches, Borba, Cáceres, Campo Maior, Crato, Elvas, Estremoz, Évora, Gavião, Lobón, Mérida, Olivença, Plasência, Portel, Redondo, Reguengos de Monsaraz e Vila Viçosa.
O meio empresarial do Alentejo e Estremadura espanhola fez-se representar pela Associação Comercial de Portalegre, Associação Empresarial de Elvas, Confederação Empresarial da Estremadura, Confederação Empresarial de Badajoz, Delta Cafés, Entidade Regional de Turismo do Alentejo e NERPOR – Núcleo Empresarial da Região de Portalegre.
Desta reunião, saiu um documento assinado por todos os presentes, com o teor seguinte:
“Portugal e Espanha são dois países que se situam longe do centro da Europa.
A rede ferroviária é elo forte de ligação para pessoas e empresas. A decisão da construção da ligação Madrid-Badajoz/Elvas-Lisboa é reconhecida como fundamental para assegurar a aproximação plena dos dois países à Europa.
Após inúmeros estudos técnicos, os Governos de Portugal e Espanha assinaram o acordo que se traduz na linha de comboio AVE Madrid-Badajoz em Espanha e TGV Lisboa-Elvas em Portugal. Ambos os governos asseguraram junto da União Europeia financiamento para a sua construção.
Não fazer avançar a construção do TGV, significa reforçar a periferia da Península Ibérica, deixar cair a principal ligação Madrid – Lisboa e mais uma vez abandonar o Alentejo e a Extremadura.
Autarcas e Associações Empresariais do Alentejo e da Extremadura, reunidos em Elvas dia 1 de Setembro de 2009, exigem o cumprimento do acordado pelos governos de Portugal e Espanha no que respeita à ferrovia, assinado na Figueira da Foz pelos Primeiros-Ministros Durão Barroso e José Maria Aznar e reconfirmado pelos Primeiros-Ministros José Sócrates e José Luis Zapatero”.
Por outro lado, deste encontro, saiu igualmente o texto seguinte:
“1.- O futuro de Portugal e do Alentejo está fortemente ligado a um conjunto de investimentos públicos que permitam um desenvolvimento harmonioso do País, contribuindo para a coesão territorial e sejam geradores de oportunidades e modernidade.
2.- A concretização do projecto da rede ferroviária de Alta Velocidade Lisboa-Évora-Elvas/Badajoz e da nova linha de mercadorias Sines-Évora-Elvas/Badajoz são compromissos assumidos pelos dois estados vitais para nos retirar da periferia da Europa e gerar meios que permitam a Portugal e a Espanha, ao Alentejo e à Estremadura finalmente serem mais modernos e europeus.
3.- Para vencer o atraso estrutural de Portugal e do Alentejo, é vital avançarem projectos estruturantes como o Aeroporto, o novo Hospital Central de Évora, a ligação A23-A6, o pólo logístico Elvas/Badajoz, a nova escola da GNR em Portalegre e os novos estabelecimentos prisionais do Alto Alentejo. Parar estes investimentos significa manter o Alentejo fora das opções do Governo de Portugal e reforçar o abandono do interior em geral e do Alentejo em especial.
4.- Pelo exposto convidamos todos os partidos políticos a serem claros na manifestação da vontade de concretização desta obra pública estruturante para o futuro de Portugal e do Alentejo e desse modo ajudarem os portugueses em geral e os alentejanos em particular a realizarem as suas escolhas nos próximos actos eleitorais”.
Autarcas do Alentejo e Extremadura espanhola criam comissão em defesa do TGV
Vários autarcas do Alentejo e da Extremadura espanhola aprovaram hoje, em Elvas, um documento em defesa da continuidade do projecto ferroviário de alta velocidade, nomeadamente a ligação Lisboa-Madrid, e a criação de uma comissão de acompanhamento do TGV.
"Este documento será entregue a todas as forças políticas com o objectivo de as sensibilizar para a importância da alta velocidade", disse o presidente da Câmara Municipal de Elvas, José Rondão Almeida, no final de um encontro que juntou os autarcas dos dois lados da fronteira.
A reunião em Elvas, convocada pelo autarca local, abordou, entre outras matérias, o projecto do TGV, tendo contado com a presença de vários presidentes de câmara do Alentejo (dois deles eleitos pela CDU e os outros pelo PS) e cinco autarcas da Extremadura: Cáceres, Mérida, Plasencia, Olivença e Lobón, todos eleitos pelo PSOE.
Além dos autarcas, também associações empresariais dos dois lados da fronteira estiveram representadas no encontro.
Além de terem aprovado e assinado o documento em defesa da alta velocidade, os participantes na reunião acordaram criar uma Comissão de Acompanhamento do projecto, que será constituída por autarcas alentejanos e "alcaldes" espanhóis.
Esta comissão terá por missão defender e trabalhar em prol da concretização da linha de mercadorias Sines-Évora-Caia e da plataforma logística do Caia.
Em representação dos "alcaldes" socialistas da Extremadura, Angel Calle, presidente do município de Mérida, lembrou que existem "acordos internacionais assinados" entre Portugal e Espanha, em matéria de alta velocidade, e que "têm apoio de fundos europeus".
"Os acordos internacionais são para cumprir, sobretudo quando falamos do TGV que pressupõe uma união económica entre duas regiões até aqui deprimidas, como é o caso do Alentejo e da Extremadura", disse.
Angel Calle acrescentou que "será uma grande frustração para o povo espanhol se o TGV parar em Badajoz", sem que siga para Lisboa, relativamente à projectada linha entre a capital portuguesa e a espanhola, Madrid.
O autarca espanhol apelou à líder nacional do PSD, Manuela Ferreira Leite, "para que reconsidere a sua atitude, porque há alturas em que os interesses nacionais e internacionais devem ficar acima dos projectos partidários".
No sábado passado, em declarações à agência Lusa, o presidente do município de Elvas divulgou o agendamento da reunião e acusou o PSD por, no seu programa eleitoral para as eleições legislativas, colocar "em causa certos investimentos públicos, como a alta velocidade Lisboa-Madrid".
Do lado dos empresários alentejanos, Rui Nabeiro, presidente do Grupo Nabeiro/Delta Cafés, defendeu hoje que "construir a alta velocidade é construir o progresso".
"Enquanto empresário, exijo que as autoridades cumpram o prometido. Os governos têm a obrigação de dar ao Alentejo e à Extremadura o que merecem: desenvolvimento e prosperidade", argumentou.
O empresário Rui Nabeiro realçou ainda a importância da linha de mercadorias Sines-Évora-Caia, com ligação ao interior de Espanha, como forma de recepção e escoamento de produtos e matérias-primas da sua empresa.
"Falamos de eficácia e melhorias acentuadas com a alta velocidade para o sucesso empresarial", vincou.
Por seu turno, Alvaro Sancho, da confederação empresarial da Extremadura e de Badajoz, lembrou que, do lado espanhol, "a construção da ligação entre Madrid e Badajoz já está em fase avançada".
Ao mesmo tempo, o empresário defendeu que, a nível empresarial, "a ligação Lisboa-Madrid é uma infra-estrutura fundamental para o desenvolvimento económico dos dois países".
Em declarações à Lusa, o presidente da distrital de Portalegre do PSD, Cristóvão Crespo, acusou segunda-feira Rondão Almeida de "faltar à verdade" e argumentou que o programa eleitoral social-democrata "não diz que vai acabar com o TGV", mas apenas que "a situação económica do país não permite assumir esse compromisso".
3 comentários:
Estes posts tem muita razao para existir. Já repararam quem não esteve mais uma vez neste tipo de encontros? Nisa ou quem a representa. E porquê? O desenvolvimento do concelho ou o que lhe pode trazer desenvovlimento não interessa porque o COMITE DO PCP não deixa.
É triste o concelho de Nisa ficar de fora das grandes vias estruturantes. No passado o caminho de ferro ficou a 22 KM de distância, ou seja, estação em Castelo de Vide e V.V. Rodão.
Hoje a auto-estradas passam ao lado de Nisa. Criem infra-estuturas que nos ponham mais proximos dos grandes centros. Não esquecer que actualmente a linha de comboio de Abrantes a Portalegre tem troços onde o material circulante não pode dar mais de 50 KM/hora em rectas, porque os rails tem mais de 50 anos.
Sr . Angel Calle, também existem acordos internacionais por cumprir pelo lado de Espanha há 200 anos, nomeadamente a devolução de Olivença, por isso primeiro cumpram os vossos e depois critiquem os dos outros
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