A visão da principal estrutura de Nisa do Partido Socialista é, e será com certeza nos próximos tempos, uma visão construtiva, procurando acompanhar tudo o que for feito para o bem de todos nós, independentemente de quem detenha o poder ao nível autárquico.
Mas seja qual for a tendência política de cada um, é impossível manter alguma neutralidade ou uma simples observância perante as puras atrocidades e atentados ao património que têm ocorrido em Nisa, praticamente nesta última década: mudanças de símbolos emblemáticos da vila, como a Fonte do Rossio ou o gradeamento que existia no anterior Jardim Municipal, sem se respeitarem abaixo-assinados que transmitem a vontade de uma grande parte do Povo; património secular e milenar espalhado por todo o concelho sem o devido tratamento, envolvimento ou com informação cuidada sobre a sua existência, ou outros que são alvo da maior aberração a nível arquitectónico; alteração à forma estética de certas ruas, tentando-se passar a mensagem que canteiros quadrados e enferrujados são das coisas mais bonitas que Nisa tem para mostrar a quem nos visita; eliminação de árvores emblemáticas, como a “árvore das mentiras” e árvores adjacentes, que ficam a simbolizar uma mera atitude de mutilação das nossas referências; transformação das principais zonas do concelho em áreas de pedra, e mais pedra, e mais pedra, como se tal fosse o sonho de alguma geração de nisenses; eliminação de obras facilitadoras de circulação de trânsito e de embelezamento de entradas na vila, como é o caso da antiga rotunda que existia ao fundo da Devesa, só por mero capricho político; não será com certeza necessário falar de investimentos mais recentes, que receberam dinheiro dos contribuintes e fundos estruturais, mas que se encontram em completo estado de ruína e abandono, ou os dois rios que abraçam o nosso concelho, em total estado inerte, e desde há muito empurrados para os concelhos vizinhos.
O que se passou no Largo Heliodoro Salgado é o culminar de toda esta devassa. O abate de uma série de árvores que não estavam inseridas no “Projecto da Devesa”, sem o conhecimento da actual Presidente da Câmara, é um gesto de total incúria. E andam os do PCP acompanhados de um partido denominado “Os Verdes”.
Diz a actual Presidente da Câmara, num jornal distrital, que “houve precipitação”, “sem que o assunto tenha ido ao Executivo”, a própria “não sabia”, que “não pode ser assim” e “foi muito desagradável”?????? Como qualificamos este total desprezo pelo nosso património? A gravidade da questão foi de tal forma reconhecida, que na reunião de Câmara de 19 de Maio um dos pontos era o “Projecto para a requalificação da zona da Devesa e áreas adjacentes, em Nisa”, para se tentar abafar o mal que foi feito. Chegou-se inclusivamente ao ridículo do próprio Executivo Camarário retirar competências à Presidente da Câmara, que lhe estavam delegadas em termos de obras.
De salientar que o Presidente da Junta de Freguesia do Espírito Santo não foi ouvido neste processo do abate das árvores, nem no chamado “Projecto da Devesa”, com implicações inclusivamente na parte fronteira à sede da Junta.
Ainda não refeitos de todo este episódio, os moradores e interessados puderam assistir ainda esta semana ao “derrube” de mais uma árvore do Largo, desta vez por azar de um operário com uma máquina.
Com estes exemplos, não nos venham com tretas sobre o que é ser nisense: os nisenses são aqueles que defendem e estimam o seu património e as suas tradições. Aqueles que não o fazem não são nisenses, e têm sempre a oportunidade de irem tratar de vida para as suas terras.
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